domingo, 29 de março de 2009

Transição


(Por Fabiane Secomandi)

Pouco pensamos a respeito das transições.

Simplesmente vivemos e sentimos, mas pouco nos lembramos depois deste momento.


Podemos lembrar do quanto foram penosos os maus momentos, do quanto foi amargo a colheita e ... da calmaria bem vinda depois do momen
to perturbador.

Mas pouco pensamos no momento exato da transição. Seria o medo de enxergar a realidade, preferindo ficar no mundo da fantasia, dizendo: "só me acorde quando chegar a calmaria"...?

Mas por que? Enxergar a realidade não seria ter as chaves todas na mão?


Temos medo de nos depararmos com as coisas como elas realmente são, porque sempre imaginamos que vai ficar pior se isso acontecer. Ao contrário, surpreendentemente perceber as coisas como elas realmente são só traz um imenso aprendizado, crescimento e evolução interior.

Mas frequentemente preferimos a ilusão. Nos iludimos... gostamos da ilusão porque ela é analgésico rápido para nossas dores...

A ilusão traz a força para atravessar um momento difícil.

Mas o que vai trazer o real crescimento é somente o "perceber da realidade".


E o "perceber da realidade" não está nos momentos de angústia, de dor... e nem nos momentos de paz e calmaria.
Está no exato momento da transição.

Da passagem dos momentos difíceis para a tranquilidade. É nesse meio que está toda resposta, todos os porquês, tudo o que acontece, como acontece. É onde estão as ferramentas!...
E nossa mente nos permite estar conscientes quanto a isso. Nós é que não percebemos... quando vemos já estamos calmos, tranquilos e nem sabemos direito como é que a turbulência se dissipou... ficamos com a sensação de que pelo menos "passou"... sem nos darmos o trabalho da autopercepção, do autoconhecimento, de perceber em nós os mecanismos que desencadearam as sensações atuais.

Quando tudo está bem, não pensamos em nós... apenas vivemos os momentos felizes.
Quanto tudo vai mal, nos prendemos nas lamentações... no vitimismo... e também nas angústias, já que elas são reais. Mas... e no momento de mudança?
No momento de mudança é onde nossa mente se abre a luz...
é quando vemos o tornado de dentro dele, se dissipar. (e se pararmos pra pensar nessa metáfora, ela ainda diz mais...pois quando se está no centro do tornado, pode-se ver como ele está agindo, como está acontecendo.. sem ser atingido por ele).
O momento de transição não é momento de panico, desespero, ... é o momento ideal onde tudo pode ser olhado de dentro, percebido, encarado, aprendido.


É no momento de transição que olhamos para nós e que mais podemos conhecer a nós mesmos.

sábado, 28 de março de 2009

Conversa sincera

(Por Fabiane Secomandi)



Entra num acordo, não com o mundo, mas consigo mesmo.


Dê a mão ao seu interior, faça as pazes.

Perdoe os defeitos, as limitações... entenda que cada etapa faz parte dos aprendizados.

Mas não basta entender, tem que conversar consigo mesmo. Tem que unir-se a si mesmo.

É voce e você. A parte que conhece mais e a parte que não conhece muito bem... ambas juntas...

Deixe-as fazer as pazes, e então experimente o nectar dos Deuses...

Passa por um momento difícil? Deixe que essa outra parte te recorde o como era antes disso... e te ajude a reformular os significados das coisas e também a tomar decisões importantes.

Não seja egoísta consigo mesmo... Não faça nada escondido, não deixe cada parte por si só resolver as coisas... é preciso que estejam juntas, deem as mãos. Elas juntas se completam, se fortalecem, crescem.

Somos o nosso interior... e mostramos apenas o nosso consciente. Escondemos tantas coisas do mundo, enterramos tantas coisas em nossos baús internos, que acabamos inclusive por acreditar nessa nova imagem... sim, isso mesmo... passamos a acreditar que somos apenas dessa forma como mostramos ao mundo... e aí vivemos apenas em função disso, desse "EU que se mostra".

Só que fazendo isso esquecemos do outro eu, aquele que fizemos questão de esconder por motivos diversos...

Esse outro eu tem qualidades e defeitos, e, prisioneiro, sempre vai dar um jeito de burlar as regras e respirar um pouquinho o ar aqui de fora... Aí, quando isso acontece, ficamos confusos, descontrolados, por vezes sem saber "o que eu fiz...", por vezes sem darmos conta de tudo o que estamos sentindo...

Resultado do não fazer as pazes consigo mesmo, com o próprio interior.

Não aprisione uma parte de você... ela inevitavelmente vai dar um jeito de dar umas escapadas... e aí você pode se assustar... faça as pazes com ela. Aceite seus limites, suas angustias, suas raivas, suas tristezas... ao inves de simplesmente tentar soterrá-las. Aceite. Deixe que isso se mostre no momento que preciso for. Aceite seus defeitos, isso não quer dizer que você não quer ser uma pessoa melhor...apenas que está respeitando e entendendo a si mesmo. Pode aceitá-los, ao mesmo tempo em que lembre sempre da pessoa que voce quer ser. Aos poucos, voce vai conseguindo.

Não tem problema enquanto voce não consegue... afinal, é grande o conteúdo de coisas que voce tem aí, no seu interior, pra conhecer e unir...

Mas a graça de viver está justamente nisso... Juntar as partes aí do interior. E então se dar conta do que você realmente é, e do que ainda não é mas quer tanto ser.(sonhos, metas, objetivos...) A partir disso só resta buscar tudo isso! Ir tentando...Sempre... sempre...

Buscar juntar as partes, buscar montar os quebra-cabeças internos, buscar harmonia entre todos os sentimentos aí de dentro...

Quando tudo o que está dentro de você fica em sintonia, voce pode finalmente se conhecer.

Se conhecendo vai avançar mais (porque vai mudar o que sabe que é preciso mudar, vai valorizar o que sabe que é uma qualidade, vai tentar mudar o que sabe que é um defeito) mas com uma diferença. Agora você sabe o que está fazendo!

Agora as coisas não se apresentam mais como confusões mentais. Revoltas. Culpa. Medo.

Agora voce se ama. Sabe a sua história, fez as pazes com seu interior e está pronto para viver, aprender e evoluir.